quinta-feira, 8 de março de 2007

Moonspell... estratégia ou feitiço?


Há umas semanas atrás li uma entrevista com o Fernando Ribeiro dos Moonspell na revista do Diário de Notícias. Duas coisas me pareceram bem: o metal está cada vez mais mainstream, o que, romantismos e saudosismos underground à parte, traz vantagens para toda a gente, especialmente para os músicos; e no meio desta tendência há uma banda portuguesa na linha da frente.

Mas o sucesso dos Moonspell significa também o fracasso do metal português que, timidamente, vai dando passos em frente mas ainda a milhas de distância (600 mil mais concretamente – o número de álbuns vendidos pela banda) do fenómeno Moonspell. E porquê? O que é que os Moonspell têm que os outros não têm? Se fossem uma banda, cuja qualidade sobressaísse das restantes bandas nacionais, eu até perceberia. Mas não é o caso. Eu, que até nem sou um fã, conseguiria aqui apontar uma mão cheia de nomes que, para mim, são tão bons ou melhores que os Moonspell. Então, em que é que ficamos?

O homem dizia na entrevista, a dada altura, que se “pode tirar um homem da Brandoa mas não se pode tirar a Brandoa de um homem”. Este é o nosso problema. Podemos até tirar as bandas de Portugal... mas ainda não conseguimos tirar Portugal das bandas. E digo isto no mau sentido. No sentido da mediocridade, do pensar pequeno, da falta de estratégia, de achar que tocar bem é suficiente. Já foi. Hoje não é.

Ao músico falta-lhe ter um sentido mais mercantilista da música. Uma banda é um projecto e todos os projectos, independentemente da sua natureza, devem ser encarados numa perspectiva mais empresarial. Hoje ter uma estratégia bem delineada é tão importante como a qualidade da música. Às vezes até mais. Só isso explica que tanta banda de sucesso (no metal e fora dele) toque tão mal.

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