quarta-feira, 18 de abril de 2007

O canudo da vergonha.



O Sócrates é engenheiro ou não é engenheiro? O país está em crise ou não está em crise? Os meios de comunicação prestam um serviço sério às pessoas ou estão mais interessados no número de jornais vendidos / audiências?
Quanto ao Sócrates, não sei. Ninguém sabe. Já o país, não deve estar em crise. De outra forma, não andaríamos tão obcecados com a possibilidade de um certo canudo poder estar tão oco quanto o sentido ético de certas instituições. O que perece estar em crise são os meios de comunicação. Crise de sentido jornalístico e da mais elementar noção do que é ou não importante informar e formar.

Num país com tantos problemas económicos e sociais, parece-me pouco razoável, para não ofender ninguém, que se abram telejornais e se gaste rios de tinta com um “fait-divers” que, ainda por cima, ofusca o verdadeiro problema.

Quantos mais diplomas foram passados ao domingo por instituições privadas de ensino? Quantos mais é que pagaram para ter uma licenciatura? Que instituições são estas, onde a lógica do lucro se sobrepõe à qualidade e seriedade do ensino? E onde é que anda o estado, que permite que o sistema seja continuamente atropelado?
Não andaremos a ver isto tudo ao contrário? O Sócrates é uma consequência de um sistema que “funciona” com base na impunidade e na trafulhice. Um sistema sem moral para regular por ser ele próprio duvidoso. E depois todos compactuamos com isto e deixamo-nos embarcar neste enredo da treta.

Enquanto isso, os verdadeiros problemas vão passando ao lado. E vai aumentando a suspeição que recai sobre o ensino privado porque somos um povo incapaz de separar as águas e com o terrível defeito de julgar o todo pelas partes.

Eu não estou minimamente interessado nas habilitações académicas do Sócrates. Se o homem levantar o país do buraco... até pode ter a quarta classe. E seria bom que toda a gente pensasse assim para que o país não continue a arrastar-se em surdina. Para que o desemprego, a pobreza e a precariedade tenham honras de prime time. Se assim não for... arriscamo-nos a ver o futuro por um canudo.

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